Mês: junho 2018

A instituição criada após a primeira grande crise do petróleo, em 1973, informou que 165 gigawatts de energias renováveis foram concluídos no ano passado, o que representou dois terços da expansão líquida da oferta de eletricidade. A energia solar cresceu 50 por cento, sendo que quase metade das novas plantas foram construídas na China.

“O que testemunhamos é o nascimento de uma nova era dos painéis fotovoltaicos solares”, disse Fatih Birol, diretor-executivo da AIE, em comunicado que acompanha o relatório publicado na quarta-feira, em Paris. “Estimamos que o crescimento da capacidade fotovoltaica solar será maior que o de qualquer outra tecnologia renovável até 2022.”

Os números marcam o sexto ano consecutivo em que as energias limpas estabeleceram recordes em instalações. A fabricação em massa e o distanciamento dos governos em relação aos pagamentos fixos pelas energias renováveis reduziram o custo da tecnologia eólica e solar.

A AIE estima que cerca de 1.000 gigawatts em energias renováveis serão instalados nos próximos cinco anos, marco alcançado pelo carvão apenas depois de 80 anos. Essa quantidade de eletricidade ultrapassa o consumo da China, da Índia e da Alemanha combinados.

A ascensão da energia fotovoltaica na China se deve, em grande parte, ao apoio do governo às energias renováveis, exigido por uma população preocupada com a poluição do ar e com a degradação ambiental que provoca smogs mortais. O país busca reduzir sua dependência em relação ao carvão e se transformou no maior mercado mundial para energias renováveis, em particular a energia solar.

“A história da energia fotovoltaica solar é chinesa”, disse Paolo Frankl, chefe da divisão de energia renovável da AIE. “A China é líder na fabricação há muito tempo. O que há de novo é a participação de mercado. Neste ano, foi equivalente à capacidade total instalada de painéis fotovoltaicos na Alemanha.”

Os EUA e a Índia estão entre os demais países que vêm estimulando as energias renováveis. Somados à China, deverão responder por dois terços da expansão da energia limpa em todo o mundo.

Apesar da promessa do presidente Donald Trump de reforçar a posição do carvão no mercado de energia, a expectativa é que os EUA sejam o segundo maior mercado para as energias renováveis.

A AIE também projeta que os biocombustíveis assumirão um papel maior na indústria de transporte, superando os ganhos dos veículos elétricos.

“Muita atenção foi dada nos últimos meses aos veículos elétricos, e com razão. Eles são cada vez mais globais, exponencialmente”, disse Frankl. “Mas tenho que dizer que não devemos nos esquecer dos biocombustíveis, que no fim de 2016 representavam 96 por cento do total do transporte renovável.”

O número de veículos elétricos dobrará até 2022, mas os biocombustíveis ainda representarão 93 por cento das energias renováveis consumidas no setor de transporte, estima a AIE. Os combustíveis são necessários especialmente para veículos mais pesados, incluindo aviões e navios.

Fonte: exame.abril.com.br/economia